quinta-feira, 1 de junho de 2017

The 4th Hour of Nuctemeron • Apolonio of Tiana

4th Hour of Nuctemeron • Apolonio of Tiana

"On the Fourth Hour, the Soul returns from the visit to the tombs, the moment when the Magic Lanterns are lit in the four corners of the circles, it is the hour of spells and illusions."

"Na Quarta Hora a Alma retorna da visita aos túmulos. É o momento em que as Lanternas Mágicas são acesas nos quatro cantos dos círculos. É a hora dos sortilégios e das ilusões."

O candidato eacapou das três bocarras de Cérbero. Os perigos do medo, do dogmatismo e da idolatria foram neutralizados pelo candidato mediante as três línguas do relâmpago, mediante a força tríplice do caduceu renovado (fogo serpentino dentro da coluna cervical).

Se acompanhastes com atenção até este ponto vossa viagem investigativa, compreendestes que o candidato aos mistério universais deve provar, ao ingressar na quarta hora mágica, se de fato é capaz de seguir como homem autônomo o caminho da grande e mágica autolibertação.

Foi para isso que ele se preparou. Ele satisfez as exigências elementares e desempediu todos os caminhos para a grande viagem. Cérbero, o guardião do portal, Afastou-para o lado. O candidato passa pelos portais pois agora está livre para fazê-lo. Todas as forças libertadoras estão concentradas nele. Agora ele precisa mostrar que uso fará delas.

Suponde que esta seja a vossa situação: estais preparado para a viagem. Vossas roupas estão prontas, e dispondes do dinheiro para realizá-la. Conheceis o alvo da viagem. Em princípio, nada mais poderá atrapalhar-vos o caminho ou opor-vos resistência. No entanto, em vossa viagem pelos mistérios universais, não sereis embalados, transportados e entregues no destino. Ou, falando de maneira romântica, não sereis levados para o alvo como que em asas de anjos com música e cântico de salmos. Não, equipados com todas as possibilidades e forças, vós mesmos tendes de estabelecer a direção passo a passo. Vós mesmos tendes de tomar a decisão no tocante a cada detalhe do plano da viagem. Por conseguinte, as novas faculdades têm de ser utilizadas, testadas, e tendes de aprender a manejá-las na prática. Assim, a viagem inteira dependerá de vossa própria avaliação.

Se possuís cérebro, tendes de utilizá-lo; se possuís coração, tendes de fazê-lo irradiar. Assim, todas as faculdades do estado de alma capaz de libertar a humanidade devem ser colocadas em prática. Essa é a razão pela qual muitas dificuldades no desenvolvimento do candidato somente principiam depois de ele ter passado por Cérbero. São dificuldades que resultam da inexperiência da fase inicial, da fragilidade do novo estado de nascimento. E repetimos: a totalidade da viagem a ser iniciada agora deve basear-se na nova faculdade de avaliação. Ninguém, a não ser vós mesmos, deverá decidir sobre o que deveis fazer ou deixar de fazer na Quarta Hora; vós mesmos tendes de avaliar, tomar a decisão e executá-la. A vós de todos os vossos irmãos e irmãs silencia na Quarta Hora.

É chegado o momento em que as lanternas mágicas de um estado de avaliação autônoma são acesas nos quatro cantos dos círculos. E deveis atentar se a alma, após ter visitado os túmulos, deles regressa de fato. Por túmulos devemos entender aqui a natureza da morte, que, com todas as assim chamadas manifestações de vida, é, em essência, gigantesco cemitério. Nela nada existe que, em realidade, não seja efêmero. A vida da dialética, com todos os aspectos, é uma sepultura terrível.

A Quarta Hora deve agora comprovar, pois, o candidato, que em princípio já está equipado de maneira fundamental para a grande viagem, que já preparou tudo para ela, também já se despediu de fato e no mais amplo sentido da imensa armadilha da dialética.

Essa sepultura é mais complicada do que o candidato possa imaginar à primeira vista. Ela não somente possui os aspectos materiais grosseiros, mas abrange também muitos estados de ser extremamente refinados e cultivados. E quando venceis o que é grosseiro e o mais banal, o refinado, o velado e o seleto atacam-vos. Quem ingressa na Quarta Hora vivencia "a hora dos sortilégios e das ilusões". Justamente então ele precisa urgentemente das "lanternas mágicas nos quatro cantos dos círculos".

Os círculos de que se fala aqui também podem ser indicados como esferas ou círculos de vida. O estado de vida dialético, em sua totalidade, abrange diversas esferas ou círculos de vida em que se manifestam vários estados de ser. Pela expressão "esfera refletora" compreendemos todos esses diferentes círculos de vida e os processos que neles se manifestam.
É claro, pois, que quando o candidato enceta sua viagem e se eleva, por conseguinte, acima da esfera mais grosseira do reino dos mortos, ele deve em seguida atravessar todos os outros círculos da natureza da morte, em vivência consciente e triunfante. Para tanto, ele deve colocar em cada círculo de vida pelo qual almeja passar as quatro lanternas mágicas, para que, na luz quádrupla da avaliação mágica, ele possa eliminar o sortilégio e a ilusão de cada um desses círculos de vida.

Apolonio de Tiana indica aqui, portanto, um processo mencionado em todas as escrituras sagradas da Doutrina Universal de todos os tempos. Pensai, por exemplo, na viagem da Pistis Sophia: em seu retorno para o Décimo Terceiro Éon, ela não pode omitir nenhum círculo de vida. Em cada círculo que ela atravessa, os éons e forças tentam detê-la ou aprisioná-la.

Pensai ma viagem de Dante, em A Divina Comédia. Ao iniciar a angustiante viagem, ao encetar sua viagem pelo inferno, ele encontra-se em uma floresta tenebrosa. Imediatamente precisa apelar para as faculdades de seu próprio estado de ser, e assim se recupera de um ataque de medo:

"Mas depois que cheguei ao pé de uma colina,
Lá onde termina o vale
Que me havia compungido do medo o coração,

Olhei para o alto e vi sua encosta
Vestida já dos raios do planeta
Que reto conduz o homem por todas as vias.

Então aquietou-se um pouco o medo
Que, no lago do coração, me havia durado
Toda a noite, passada com tanto pesar.

E como alguém que ofegante
Emerge do pélago e atinge a praia
Volta-se para a água perigosa e a encara,

Assim meu ânimo, ainda fugindo,
Voltou-se para contemplar de novo o passo
Que pessoa alguma jamais deixara com vida."

E de Jesus, o Senhor, foi nos dito que morreu, foi sepultado, desceu ao reino dos mortos, ressuscitou, ascendeu aos céus ou ingressou em sua  pátria.

Esse é o caminho universal de cada candidato. Por isso é descrita de maneira lógica para nós a Quarta Hora de Nuctemeron, essa viagem pelo inferno, essa marcha através de todos os círculos da natureza dialética.

A seguir, precisamos ainda deter-nos das quatro lanternas mágicas que são colocadas nos quatro cantos de cada círculo a ser ultrapassado. Essas quatro luzes formam naturalmente um quadrado mágico, um tapete, uma base de construção, uma chave absoluta. Conheceis o quadrado mágico universal do tapete da Rosacruz: unidade de grupo, orientação inequívoca, ausência de luta e harmonia em todas as manifestações de vida.

O quadrado mágico da autoavaliação enobrecida, no qual se acha a força para passar por todos os sortilégios e ilusões dos círculos, consiste em:

1. Razão pura
2. Vontade pura
3. Sentimento puro ou coração puro
4. E Ação pura

A avaliação absoluta depende de estardes perfeitamente firmes na Gnosis e orientados para ela sem vacilações. Vossa vontade não deve querer outra coisa que senão o que a Gnosis quer. Vosso coração somente deve amar o que a Gnosis deseja que o coração ame. Vossa vida de ações não deve realizar outra coisa senão o que está em harmonia com a razão, com a vontade e com o coração.

Essas são as quatro luzes da magia que, em cada círculo de vida, em cada passagem, devem envolver o candidato. Sabe-se que forças poderosas se encontram ocultas na razão, na vontade e no coração. Quando, impelidos por essas trêa forças, o ser humano passa à ação, à realização, ele fica ligado aos resultados da ação, que o detém até ele ser capaz de aniquilar novamente a ação e suas consequências. Por isso, compreendereis a necessidade urgente de pôr em prática a magia gnóstica das quatro luzes. O conhecimento e a experiência pertinentes a isso não caem do céu. Eles devem ser conquistados! Eles devem provar se a alma, de fato, em todos os aspectos, regressou da visita aos túmulos.

Por fim, consideremos ainda os sortilégios e as ilusões. São também quatro em número, ordenados em quatro rubricas, como sombras projetadas ou imitações das quatro luzes mágicas.

A primeira imitação é a que aparece frequentemente nos círculos da vida mais sutis da natureza dialética: a mistura da verdade com a mentira, da realidade com a aparência, mediante a qual uma segunda intenção, uma orientação egocêntrica, um desejo proveniente da natureza da morte é envolvido com uma bela linguagem e com vestidura da verdade, a fim de conseguir ser ouvido e realizado.

A segunda imitação é o vemeno dos falsos ensinamentos, o veneno mortal de cobra. A absorção desse veneno por um ser humano, bebendo-o ou injetando-o, faz com que ele fique agrilhoado à natureza da morte.

A terceira imitação é a do amor. O amor, todos os seus aspectos, mesmo no mais refinado, mesmo naquele classificado como desapaixonado, é finito. O que queremos dizer com isso é que um assim chamado relacionamento sentimental na natureza dialética também está voltado para o eu, para a auto-satisfação e a auto-conservação, para a exploração, a relação entre senhor e escravo, a ostentação. É um amor, uma condição sentimental, que nada tem a ver com a natureza do amor, com a esfera de amor da alma.

A quarta imitação é a especulação, a irreflexão, a irracionalidade, a ação espontânea negativa sem fundamento, sem a razão, motivadas por tendências ou influências.

Essas quatro imitações ameaçam cada candidato em sua viagem de alma através dos círculos da natureza da morte. Contudo, se ele souber conservar acesas suas quatro lanternas mágicas e realmente tiver regressado da visita aos túmulos, nada poderá causar-lhe dano.

Amen.