Esse texto veio a se desenhar em minha imaginação enquanto repousava . . . direi que a inspiração me é oriunda, como faço quando quero evitar revelar a fonte.
A carruagem me leva adentro do jardim com seus ciprestes, sua grama verdejante e suas flores. Há mais. O Jardim é apenas o exterior, que se observa dentro das grandes muradas de pedra. Cada cômodo, cada ambiente me revela uma nuance de sua personalidade, os contornos de seu coração.
A lareira onde ouvimos o estalar das brasas de madeira incandescente, os meus aposentos que foi fornecido e escolhido a dedo por você, a sala onde fica a tapeçaria, a cozinha de onde vêm as boas vindas com o precioso cheiro do paladar.
Cada hábito de família estampados nas recordações, no brasão e pelo ar do castelo. Os costumes herdados e por aqueles que foram ultrajados por intemperismos da personalidade e do caráter de cada ser daquela família. A maneira com que se desenvolveu e demonstrou seu arrojo na maneira de viver.
A biblioteca do castelo é uma das minhas áreas de maior curiosidade assim como o escritório onde você mantém os livros e artigos mais preciosos, quase divinos de tão secretos. Seus interiores de onde confortavelmente assistimos o jardim e toda a sua expressão de cores através dos anos e das temporadas.
As estações, como são belas. No inverno onde nos encontramos aquecidos junto à lareira observamos o frio e cinzento espelho que o céu oferece. Muitas vezes podemos ouvir o rufar de tenebrosos tambores antes da chuva. No outono como fora acolhedor ver as folhas caindo acompanhando o ritmar do vento. Temporada de caça. As boas vindas da colorida primavera que nos presenteará com uma paleta de cores esfuziantes com a entrada do sol e sua retirada ao se pôr nos fins da tarde na hora do chá, ou se preferirmos do conhaque. E daremos boas vindas ao verão de janelas bem abertas e picnics no jardim. Conto em ler ao jardim à sombra de uma deliciosa árvore que já sei qual é, enquanto nos inebriamos com Chablis ou Chadorney.
