terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Nome da Rosa

Ah, meu caro amigo Aristóteles, o que seria de nós sem a sua retórica especulativa?

". . . Guilherme revela seu método para chegar a uma verdade provável através de uma série de erros seguros."

"Resolver um mistério não é a mesma coisa que deduzir a partir de princípios primeiros. E não equivale sequer a recolher muitos dados particulares para depois deles inferir uma lei geral. Significa antes de achar-se diante de um, dois ou três dados particulares que aparentemente não têm nada em comum, e tentar imaginar se podem ser muitos os casos de uma lei geral que não conheces ainda, e talvez nunca tenha sido enunciada."

". . . mas era pra te dizer que a busca das leis explicativas, nos fatos naturais, procede de modo tortuoso. Diante de alguns fatos inexplicáveis deves tentar imaginar muitas leis gerais, em que não vês ainda a conexão com os fatos de que estás te ocupando: e de repente, na conexão imprevista de um resultado, um caso e uma lei, esboça-se um raciocínio que te parece mais conveniente do que os outros. Experimentas aplicá-lo em todos os casos similares, usá-lo pra daí obter previsões, e descobres que advinhaste. Mas até o fim não ficarás nunca sabendo quais predicados introduzir no teu raciocínio e quais deixar de fora. E assim faço eu agora. Alinho muitos elementos desconexos e imagino as hipóteses. Mas preciso imaginar muitas dela, e numerosas delas são tão absurdas que me envergonharia de contá-las."

"Venci, mas também poderia ter perdido. Os outros consideram-me sábio porque venci, mas não conheciam os muitos casos em que fui tolo porque perdi, e não sabiam que poucos segundos antes de vencer, eu não estava certo de não ter perdido.
E então, para não parecer tolo mais tarde, renuncio a ser astuto agora. Deixa-me pensar mais, até amanhã, pelo menos."