sexta-feira, 20 de março de 2009

O Pêndulo de Foucault

O problema está em encontrar relações ocultas, por exemplo, entre a Cabala e as velas do automóvel.

Qualquer dado se torna importante se está conjugado a outro. A conexão muda a perspectiva. Induz a pensar que todos os aspectos do mundo, todas as vozes, toda palavra escrita ou dita não tem o sentido que parece, mas nos fala de um Segredo. O critério é simples: suspeitar, suspeitar sempre. Podemos até ler o que está por trás de uma placa de proibido.

Ontem à noiite me caiu em mãos o manual de automóvel. Não sei se foi penumbra, ou se qualquer coisa me tinha dito, mas invadiu-me a suspeita de que aquelas paginas diziam Alguma Coisa Mais. E se o automóvel existisse apenas como metáfora da criação? Mas não se deve ficar limitado ao aspecto exterior, ou a ilusão do painel, é necessário ver aquilo que só o Artífice vê, o que está por baixo. O que está por baixo é como o que está por cima. É a àrvore das sefirot.

Ela se diz. Antes de tudo, a árvore motora é uma Árvore, como a própria palavra diz. Pois bem, se contarmos o motor dianteiro, as duas rodas da frente, a freagem, o câmbio, os dois eixos, o diferencial e as duas rodas traseiras, teremos dez articulações como as sefirot.

FIAT.

Continuemos com a dialética da Árvore. No alto o Motor, Omnia Movens, do qual do qual diremos que é a Fonte Criadora. O Motor comunica sua energia criativa às duas Rodas Sublimes - a Roda da Inteligência e a Roda da Sabedoria.

(Isso se o carro for de tração dianteira)

A beleza da árvore de Belboth é que admite metafísicas alternativas. Imagine-se um cosmo espiritual com tração dianteira, onde o Motor à frente comnunica seus desígnos às Rodas Sublimes, enquanto na versão amterialística temos a imagem de um cosmo degradado, em que o Movimento vem impresso por um Motor Último às duas Rodas Ínfimas: do fundo da emanação cósmica se libertam as forças baixas da matéria.

E com motor e tração traseiros?

Coincidência so Súpero e do Ínfero. Deus identifica com os movimentos da matéria grosseria posterior. Deus como aspiração eternamente frustrada à divindade. Deve depender da Ruptura dos Vasos.

Não será a ruptura do Silencioso?

... Depois do Motor e das Duas Rodas, vem a Freagem, a sefirah da Graça, que estabelece ou interrompe a corrente de Amor que liga o restante da Árvore à Energia Suprema. Um Disco, uma mandala que acaricia outra mandala. Dali o Escrínio de Mutações, ou a caixa de mudanças, como dizem os positivistas, que é o princípio do mal porque permite à vontade humana de aumentar ou diminuir o processo contínuo das emanações. Por isso o câmbio automático custa mais, porquanto aqui é a própria Árvore que decide segundo o Equilíbrio Soberano. Depois vem um eixo que por acaso tem o nome de um amgo doi Renascimento, Cardam, e a seguir um Dupla Cônica - note-se a posição com os quatro Cilindros do motor - na qual há uma Coroa (Keter Menor) que transmite o movimento às rodas terrestres. E aqui se torna evidente a função da sefirah da Diferença, ou diferencial, que com majestoso senso de Beleza distribui as forças cósmicas às Duas Rodas da Glória e da Vitória, as quais num cosmo não abortivo (de tração dianteira) seguem o movimento dado pelas Rodas Sublimes.

A leitura é coerente. E o cerne do Motor, sede do UNO, Coroa?
Mas basta ler com olhos de iniciado. O sumo Motor vive de um movimento de Aspiração e Descarga. Uma complexa respiração divina, em que originalmente as unidades, ditas Cilindros (evidente arquétipo geométrico), eram duas, gerando depois uma terceira, e por fim se contemplam e se movem por mútuo amor na glória da quarta. Nesta respiração no primeiro cilindro ( nenhum deles é primeiro por heirarquia, mas por admirável alternância de posição e correspondência), o Pistão - etmologia de Pistis Sophia - desce ao Ponto Morto Superior ao Ponto Morto Inferior enquanto o Cilindro volta a encher-se de energia em estado puro. Simplifico, pois aqui entrariam em jogo hierarquias angélicas , ou Mediadores da Distribuição, que como diz o manual 'permitem a abertura e o fechamento das Velas que põem em comunicação o interior dos Cilindros com os condutos de aspiração da mistura'... A sede interna do Motor só pode se comunicar com o resto do cosmo através dessa mediação, e aqui creio que se revela talvez, não quero dizer a heresia, mas o limite originário do UNO, que de qualquer forma depende, para criar, dos Grandes Excêntricos. Em todo caso quando o Cilindro se enche de Energia, o Pistão sobe ao Ponto Morto Superior e realiza a Compressão Máxima. É o tsimtsum. É nesse ponto que se dá a glória do Big Bang, a Combustão e a Expansão. Uma Centelha dispara, a mistura arde e inflama, esta é, diz o manual, a única Fase Ativa do Ciclo. E ai, ai se na mistura se insinuam as conchas, as qelippot, gotas de matéria impura como água ou Coca-Cola, a Expansão não ocorre, ou ocorre em disparos abortivos.