segunda-feira, 11 de maio de 2009

Danuza Leão - Quase Tudo

Fiquei orfã, o meu livro de cabeceira acabou, para quem não sabe "O Pêndulo de Foucault" de Umberto Eco. Tive um caso tórrido de amor com esse escritor, primeiro foi "O Nome da Rosa" e por fim o Pêndulo que me deixou embasbacada com o tanto de analogias inteligentes e muitas vezes divertidas. Sempre adorei semiologia então foi um prato cheio. Logo depois, ganhei o "Vermelho e o Negro" indicação e presente de minha estimada tia, que além de intelectualizada é psquiatra, ou seja doida de plantão. Ela possui um senso de humor obscuro e refinado e me matta de rir.

Entre o Pêndulo e o "Vermelho e o Negro" estou dando aquela (gerundiada) arejada e saboreio a vida de Danuza Leão em Memórias, Quase Tudo. Onde ela conta desde a sua infância no Espírito Santo até os dias atuais (2005, mais precisamente). E como ela é divertida e doidamente livre. Uma mulher muito pra frente de seu tempo e com sacadas de humor show de bola.

Escolhi ler esse livro bem ao clima de Danuza Leão, sentada na beirada do Minas Tênis saboreando um belo sol, e depois, pra completar um tibúm na psicina (dá-lhe metros).

Página 18:
" Meu pai não cansava de dizer também que mais importante do que os bons costumes e qualquer conveniência social é falar a verdade, sempre; que as glórias e honrarias deste mundo não tem nada haver com felicidade; que nada acontece sem esforço; que não adianta ensinar, só se aprende com a vida - e apanhando. E mais: que as palavras foram feitas para esconder os pensamentos e que um mergulho no mar cura tudo, das doenças às maiores aflições. Ele estava certo em muitas coisas, mas não em todas. Da mãe de meu pai, a quem não cheguei a conhecer, aprendi que, quando cai uma chuva forte, deve-se ir para a rua e lá ficar por uns dez minutos, até se encharcar, pois faz bem à saúde. Isso eu ainda faço, e acho que a humanidade se divide em dois tipos de pessoas: as que usam guarda-chuva e as que não usam."

E isso eu também tenho como filosofia. Mesmo em Londres, com chuvas todos os dias eu nunca se quer fui capaz de perder um guarda-chuva, afinal, eu nunca tive um.