"Não quero ser técnico demais, mas a lembrança é a construção de um novo perfil neural. Digamos que em um certo lugar tenha lhe acontecido uma experiência desagradável. Mais tarde, quando o senhor se lembrar desse lugar, reativa aquele padrão anterior de excitação neuronal, com um perfil de excitação semelhante mas não igual àquele que foi estimulado originalmente. Portanto ao recordar sentirá uma sensação desagradável. Em suma, recordar é reconstruir, com base também no que soubemos ou dissemos tempos depois. É normal, é assim que lembramos. Estou lhe dizendo isso para encorajá-lo a reativar perfis de excitação, não se submeter toda vez que escavar como um processo para encontrar alguma coisa que esteja lá, fresca como o senhor pensa em tê-la guardado da primeira vez. Recordar é um trabalho, não um luxo."
Recordar é bom também, disse Gratarolo. "Alguém disse que a recordação age como uma lente convergente numa câmara escura: concentra tudo e a imagem que resulta é muito mais bela que o original."