... a Rainha que agora está em seu domínio não é a única. Mas é a verdadeira.
... talvez a peça mais importante: a Rainha Preta.
Aquilo parecia ser de todas as formas a mesma escultura de ouro, cravejada de pedras, redonda e cuidadosamente polida como ovos de tordo. Na realidade, sob todos os aspectos, ela era idêntica a outra: retratava uma figura com um vestido longo e sentada em um pequeno pavilhão com o drapejamento voltado para trás.
Mas havia uma única coisa que estava faltando.
A Igreja contava com várias pedras como aquelas, da época de Carlos Magno e até mesmo de antes, que não eram cortadas em facetas, mas polidas à mão para ficarem com o formato dessas, ou limpas com silicone em grãos finíssimos que as deixavam parecidas com as encontradas no fundo do mar, com uma superfície de vidro que servia para enfatizar ou a natural iridescência ou o asterismo, a estrela interna da gema. Na Bíblia, tais pedras eram descritas junto com seus significados ocultos.
Foi por causa disso que a abadessa pôde comprovar com um simples olhar que aquela peça não era a mesma Rainha Preta que ela própria trouxera da França para a Rússia a mais de cinco anos antes.
Pois, temendo que alguma coisa assim pudesse acontecer, a abadessa colocara a própria marca secreta na original, uma marca que ninguém além dela jamais detectaria. Usando o diamante facetado de seu anel abacial, ela fizera um pequeno arranhão em forma de um número oito sobre o cabochão rubi cor-de-fogo exatamente na base do pavilhão.
*somente um diamante risca o outro.