sábado, 26 de outubro de 2013

Neruda

Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero,
E de querer-te, a não te querer chego.
E de esperar-te quando não te espero,
Passa meu coração do frio ao fogo.

Quero-te, só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando, te quero
E a medida do meu amor viajante
É não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu me morro,
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero amor, a sangue e fogo.