quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Questions - from a poet

Onde a lua cheia deixou 
o seu saco noturno de farinha?



Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?

Me diga, a rosa está nua

ou tem apenas esse vestido?

Há alguma coisa mais triste no mundo
 
que um trem imóvel na chuva?


A fumaça fala com as nuvens?


Por que se suicidam as folhas

quando se sentem amarelas?

Quantas abelhas tem o dia?


E é paz a paz da pomba?
 
O leopardo faz a guerra?


Quantas perguntas tem um gato?


Onde estão aqueles nomes
 doces
como as tortas de antigamente?


Para onde foram as Donanas,

as Felisbertas, as Bizuzas?

Para quem sorri o arroz
 
com infinitos dentes brancos?


Como a laranjeira e as laranjas

dividem o sol entre si?

Quem gritou de alegria

quando nasceu a cor azul?

Como ganhou sua liberdade

a bicicleta abandonada?

É verdade que no formigueiro

os sonhos são obrigatórios?

Já percebeste que o Outono

é como uma vaca amarela?

Quem canta no fundo da água

na lagoa abandonada?

De que ri a melancia

quando a estão assassinando?

Posso perguntar ao meu livro

se é verdade que o escrevi?

Então não era verdade

que Deus vivia na lua?

Quando o preso pensa na luz,

é a mesma que te ilumina?

Por que vivem em farrapos

todos os bichos-da-seda?

Onde encontrar uma sineta
 
que soe dentro de teus sonhos?


A quem posso perguntar

que vim fazer neste mundo?

Há coisa mais boba na vida

que chamar-se Pablo Neruda?