quinta-feira, 3 de outubro de 2013

The Dance - NERUDA

A Dança
  
 

Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
 
 

 The Dance
 


Not love you as if you were the salt-rose, topaz

Or arrows of carnations the fire:

I love you as certain dark things they love,

Secretly, between the shadow and the soul.

I love you as the plant that never blooms but carries

Inside, hidden light of those flowers,

And thanks to your love lives deep in my body

The tight aroma that rose from the earth.

I love you without knowing how, or when, or where,

Love you so straightforwardly, without complexities or pride;

So I love you because I know no other way,

But just so that I am not, nor you,

So close that your hand upon my chest is mine,

So close that your eyes close as I fall asleep.

Before love you, love, nothing was my:

I wavered through the streets and things:

Nothing had even had a name:

The world was air hoped.

And I met gray halls,

Tunnels inhabited by the moon,

Hangars cruel that depended

Questions that insisted in the sand.

Everything was empty, dead and dumb,

Fallen, abandoned, decayed,

Everything was inalianavelmente others,

Everything was other and nobody,

Until thy beauty and thy poverty

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