Antonin Gadal
VII
O mundo é animal: elementos, bosques, montanhas, todos têm uma voz, uma linguagem; as plantas têm afeições, sentimentos; os astros são espíritos envoltos em fogo: os exércitos do céu, as estrelas da manhã, os coros dos astros são realidade.
O homem é composto de espírito e matéria, de forma e vida: a alma, o homem celeste, é a obra do Filho, o corpo, o homem terrestre, é uma obra material; as almas são anjos inferiores, expulsos do céu; o nascimento do homem é a queda de um anjo; a Criação é, portanto, uma queda; a vida, uma expiação; a terra, um lugar de prova e castigo.
As almas exiladas retornam ao céu pela purificação. Essa purificação efetua-se primeiramente na terra; em seguida, de astro em astro, por ascensões sucessivas, e coforme o grau dos progressos na perfeição.
A vida é um envoltório maculado que abandonamos pela morte; a lagarta, a crisálida, o inseto perfeito.
A verdadeira vida é a morte, o beijo de Deus.
As almas indignas evoluem de estrela em estrela até a libertação final, o seio de Deus; nada de inferno no amor eterno!
Eu sou o Alfa e o Omega;
Não tenho começo nem fim.
O começo? O fim? A morte!
O fim? O começo? A vida!
O caminho do Santo Graal, o caminho das estrelas.
A crisálida deve transformar-se em aura perfeita.
Agnosticos, o Pai
Demiurgos, o Filho
Paracletos, o Espírito
Sob essa tríplice denominação, um único e mesmo Deus.
O Pai é Deus absoluto, invisível, desconhecido.
O Filho é Deus visível, criador do mundo, revelado à humanidade;
O Espírito é um princípio feminino; a Consoladora deu-lhe à luz antes da Aurora e ele desceu sobre a terra revestido de um corpo etéreo, com a beleza e o esplendor de um Deus.
Cristo não veio à terra para expiação, mas para distribuir a Verdade. Ele tira o pecado do mundo pela Palavra, o Verbo. Ele não podia ser vítima, nem morrer, nem sofrer sobre a cruz: Ele é Deus!
A vida é a morte, que liberta de um mundo mau, de uma carne fatal e inútil. A morte dá vida a vida angelical.
Abstinentia: tempo, provas, regime, instrução, vida dos Perfeitos (e isso, durante dois anos).
Probatio: com as três quaresmas impostas.
Traditio: tradição do dogma e da oração.
O estado ideal? A virgindade.
O estado santo? O celibato.
O estado venerável? A viuvez.
Este último era excepcional, pois o casamento não era uma imperfeição.