quarta-feira, 1 de outubro de 2008

2º Grande Axioma: DA GANÂNCIA

Realize o lucro sempre cedo demais.

Seja o jogo feito no mercado financeiro, numa mesa de poquer ou em qualquer outro lugar, o que os amadores fazem é isto: demoram-se demais nas paradas - e perdem.
O que os leva a agir assim é a ganância. Deve-se dominar a ganância, como uma prática de autocontrole.

Ganância: querer em excesso, mais sempre mais. Querer mais do que queria no começo, ou mais do que seria justo esperar. Significa perder o controle dos seus desejos.

Comprismo: é o desejo natural de maior bem-estar material, sem conotações pejorativas.

Ideal do Cassino: "Se quisessem menos, iriam para casa com mais".
"Não force a sua sorte". Ou "não estique a sua sorte". "Não corra atrás de números redondos".

No jogo, ou no curso de uma jogada especulativa, de tempos em tempos ocorrerão períodos de ganhos. Você achará tão bom, que vai desejar que durem para sempre. Com certeza, terá o bom senso de admitir que a realização de tal desejo é impossível, mas se houver sido agarrado pela ganância, vai se convencer a esperar, ou a acreditar que tais períodos durarão pelo menos um bom tempo. E irá navegando, na crista da onda, até que você e seu dinheiro se precipitem numa cachoeira.

Não tem como prever quanto tempo durará o período de ganhos.
É preciso presumir que qualquer conjunto ou série de eventos que resultem em ganhos para você terão breve duração, e que os lucros, portanto, não serão absurdamente grandes. Os modestos e breves são os mais frequentes. Quando tiver lucro, aproveite-o e caia fora.
Não fique até o período atingir o pico, por mais tentador que seja. Não tenha medo do arrependimento das ações subirem logo após a sua retirada.

É como escalar uma montanha em noite negra e fechada. A visibilidade é zero. Lá em cima, em algum lugar, está o pico, e, do outro lado dele, um abrupto despenhadeiro, caminho para o desastre inevitável. Você quer chegar o mais alto possível. Idealmente, gostaria de chegar ao pico e parar. Sabe, porém, que o "ideal" raramente acontece na vida, e não bobo a ponto de achar que acontecerá agora. O bom senso manda parar a escalada quando achar que chegou a uma boa altitude. Pare antes do pico. Pare cedo demais. E não "sinta saudades" do papel que vendeu.

3º Axioma Menor: Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar; quando chegar lá, caia fora.
Saber quanto é o bastante.
São inúmeras as atividades humanas nas quais as posições inicial e final são claramente visíveis, percebidas e compreendidas. No atletismo, por exemplo. Quando um corredor chega ao final dos 1.500 metros, sabe que é o fim. Não existe a questão de correr outros 1.500 metros afim de ganhar duas medalhas em vez de uma. As energias estão exauridas.

Você que faz o seu basta. O seu ponto final. Dá um suspiro de alívio e relaxa. "Tá acabou. Cumpri meu objetivo inicial. Fiz o que vim fazer. Ganhei minha medalha. Vou ficar um pouquinho e saborear a vitória." ou " Tá legal perdi, mas já se acabou. Vou dar uma descansada, pensar e planejar a próxima. Amanhã eu corro denovo". De um jeito ou de outro você chegou ao final.
Antes de começar a corrida, estabeleça onde é a linha de chegada.

E a cada fim, se presentear com algo que dê prazer e sirva para definir essa linha de chegada. Como um ritual. Um fato real, um objetivo concreto. Celebrar a sensação de final.

Estratégia Especulativa:
Venda "cedo demais". Não espere a alta atingir o pico. Não espere que um período de ganhos prossiga indefinidamente. Não teste demais a sua sorte. Parta do pressuposto de que tais períodos são breves. Quando atingir uma linha de chegada previamente estabelecida, liquide a posição e caia fora. Faça-o ainda que tudo pareça cor-de-rosa, mesmo que continue otimista e que todo mundo em volta esteja dizendo que a alta continuará rugindo sem parar.
Habitue-se a vender cedo demais. E , uma vez vendido, não se atormente se a alta continuar sem a sua presença. É muito provável que ela não vá durar muito. Se durar, console-se pensando nas tantas vezes em que, ter vendido cedo demais , protegeu seus ganhos que, de outra forma, teriam ido por água abaixo. (Prefiro fogo acima!)