Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado.
Um palpite é parte de uma sensação. É um miosterioso pedacinho de alguma coisa que não chega a ser conhecimento: um evento mental que experimenta algo semelhante a conhecimento, mas não o sente totalmente confiável. Como especulador, é provável que você tenha palpites com frequencia. Alguns serão fortes e persistentes. O que fazer com eles? Aprenda usá-los, se for capaz.
O fenômeno pode ser abordado de três maneiras distintas:
Desprezo: inúmeros investidores/ especuladores ignoram cuidadosamente os seus próprios palpites e ridicularizam os dos outros. Insistem em apoiar todas as suas manobras especulativas em fatos ou material que represente fatos. Gráficos, previsões economicas.
Confiança indiscriminada: há pessoas que se apóiam totalmente em palpites, com demasiada frequencia, e sem suficiente ceticismo. Qualquer intuição maluca vira razão para uma jogada, mesmo que uma análise racional da situação pudesse resultar em idéias completamente diferentes. "Sigo meus palpites", dizem essas pessoas, orgulhosas; só não dizem é que esses palpites maravilhosos costumam levá-las a calamidades especulativas.
Utilização seletiva: é o método de Zurique, por trás do qual está a idéia de que a intuição pode ser útil. Seria uma pena desprezar, de maneira categórica, instrumento especulativo potencialmente tão valioso - jogar fora todos os palpites somente porque alguns são tolos. Por outro lado, é certo que alguns palpites não merecem outro destino senão a lata de lixo. O desafio é separar os que têm valor dos que não valem nada.
O primeiro passo, então, será descobrir o que é um palpite, exatamente. De onde vêm esses estranhos pedacinhos de quase-conhecimento?
Há quem explique intuição falando de percepção extra-sensorial e poderes ocultos, mas nada disso é necessário. Um palpite é um evento mental que ocorre na mais absoluta normalidade. Quando você é atingido por um forte palpite, é possível que essa conclusão seja baseada em fatos, em algo sólido que esteja arquivado em algum canto da sua mente. O que torna tudo tão espantoso é que se trata de informações que você não sabe que possui. Diariamente, absorvemos quantidades colossais de informação , muitissimo mais do que somos capazes de arquivar no consciente, a fim de recuperar sob forma de discretos retalhos de informação. a maior parte vai para algum reservatório logo abaixo ou atrás do nível consciente.
Quando lhe ocorrer um palpite, a primeira pergunta a fazer é se na mente existe um arquivo suficientemente grande de informações, capaz de gerá-lo. Embora não saiba, nem possa saber exatamente quais sejam as informações relevantes, é plausível achar que existem?
11º Axioma Menor: Jamais confunda palpite com esperança.
Quando você quer muito alguma coisa, é facílimo passar a acreditar que tal coisa acontecerá. Quando tenho um palpite de que algo que quero que aconteça vai acontecer, a minha regra é manter em alto o nível de ceticismo. Em contrapartida, inclino-me muito a confiar numa intuição que me diz que acontecerá algo que eu não quero.
Estratégia Especulativa:
Ambas as atitudes estão erradas: tanto ridicularizar categoricamente os palpites, ou confiar neles indiscriminadamente. Embora seja falível, a intuição pode ser um instrumento especulativo, desde que tratada com cuidado e ceticismo. A intuição nada tem de mágico, nem do outro mundo. É simplesmente, a manifestação de uma experiencia mental absolutamente comum: a de se saber alguma coisa sem se saber como se sabe.
Uma dica: o palpite deve ser submetido a um teste. Só confie nele se puder explicá-lo, se for capaz de identificar, na sua mente, um banco de dados do qual pode supor, com razoável certeza, que o referido palpite se originou. Não tendo banco de dados, descarte o palpite.