Do sagrado ao intimo
A partir do Renascimento, o beijo perde pouco a sua funcao oficial e sagrada. E se torna um gesto de ternura que toca, mas nao compromete. Pessoas de posicoes diferentes, parentes e amigos, beijam-se dai em diante no rosto, ao passo que o beijo na boca, reservado aos amantes, adquire uma conotacao mais erotica. Nao mais coroa uma relacao, mas a estimula, abre a festa do amor.
Curiosos beijos dados
Lamourette
Na Revolucao Francesa , no dia 7 de julho de 1792 o abade Lamourette pronunciou um discurso patetico na Assembleia Legislativa, entao dilacerada entre faccoes adversas, e seu apelo foi seguido por uma confraternizacao geral com abracos em nome da fraternidade. Mas, como no dia seguinte as hostilidades aumentaram, o bispo constitucional de Lyon viu seu nome ligado indelevelmente a uma reconciliacao efemera e hipocrita. Quando subiu ao patibulo, o povo o convidou a uma cruel reconciliacao: beijar 'Charlot' (o carrasco).
Com a queda do muro de Berim, no dia 9 de setembro de 1988 em Stuttgart um alemao ocidental beijou na boca um alemao oriental para simbolizar o desejo de reunir as duas Alemanhas. A policia interrompeu apos quinze minutos...
O habito de beijar as inglesas na boca no momento das apresentacoes; seria um insulto, beija-las no rosto. Mercier - Erasmo escreve a seu amigo Faustus Andrelinus que, com tantos beijos, da vontade de terminar seus dias na Inglaterra.
Sao, portanto os paises latinos os mais zelosos da honra feminina. O cavalheiro siciliano, evocado por Moliere, reprova o beijo do pintor (o galante, na realidade)que contratou para fazer o retrato da jovem Isidora: "Ola! Senhor frances, essa maneira de cumprimentar nao e' usada neste pais. E' a maneira da Franca., replica o moco. - Le sicilien ou l'amour peintre Moliere. 'Machismo' latino, mais zeloso da honra de suas mulheres? Sem duvida... mas talvez para o holandes Puteanus (sec. XVI), um perigo maior para as ardentes italianas do que para as modestas flamengas que "nao percebem nuances" entre olhares e beijos (oculis aut osculis). Bayle mesmo confirma que "as mesmas familiaridades perigosas na Italia nao o sao ou o sao bem menos nos paises setentrionais."
Por Oudin (curiosidades francesas)
"Nao e' necessario beijar um amigo na boca se nao for de coracao."
Russia
Conservam a troca de sopro ate' os nossos dias. E ainda assim, frequentemente ritualizada: apos ter esvaziado uma taca de champanhe, com os bracos entrelacados, os homens trocam a 'fraternidade' na boca, e a amizade torna-se sagrada.
As criancas sao ensinadas a beijar a propria mao depois de receberem doces de alguem, e logo mais a beijar as coisas dadas como forma de apreco. O beijar a propria mao foi um custume realizado entre principes e que caiu rapidamente em desuso.
O beijo na boca dos monarcas que eram obrigatorios, a partir do Renascimento deixam de ser normas de etiqueta devido as doencas trasmissiveis naquela epoca. Passa-se ao beija-mao. E quando se tem uma certa intimidade usa-se o simular o beijo, aproximando-se os labios das faces, das maos ou dos objetos recebidos. Quanto ao beijo original, a troca de sopros, fica definitivamente reservado aos amantes. (E' sempre o mais velho que toma a iniciativa)
O mesmo gesto deve ser feito pelos homens a saudar a soberana. O beija mao nunca e' exigido pela rainha: "era o testemunho voluntario de uma respeitosa obediencia".
Zeno
Nos saloes, deve-se apenas rocar com os labios a mao das senhoras; e esse habito desaparecera no final do seculo: em 1904, Bayard ve no gesto o "o reflexo de uma graca fora de moda". Em A consciencia de Zeno (1900) Zeno evoca o beija-mao roubado da jovem pelo qual esta apaixonado e que conhece a muito tempo: ela " se pos a olhar estupefata, os dedos que haviam experimentado o contato de meus labios, como se alguma coisa tivesse ficado gravada neles" A ousadia e' de fato altamente comprometedora.
Na Inglaterra sob o *Gui: planta sagrada dos gauleses, associada as festas de Ano Novo.
A ocasiao de resgatar o bom e velho beijo de outrora: festas e aniversarios, e claro, principalmente o Natal e o Ano Novo. O anguillaneu (gui* do Ano Novo) das provincias ritualiza o costume: o beijo trocado sob o gui em primeiro de janeiro e' uma promessa de felicidade para o ano todo.
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The sacred to the intimate
From the Renaissance, the kiss just lost their official function and sacred. And it becomes a gesture of tenderness that touches, but not committed. People
from different positions, relatives and friends, kiss each other
henceforth in the face while kissing on the mouth, reserved for lovers,
acquires a more erotic connotation. Not a relationship more crown, but stimulates, opens the festival of love.Curious kisses given
LamouretteIn
the French Revolution, on July 7, 1792 Abbe Lamourette pathetic gave a
speech in the Legislative Assembly, then torn between adverse factions,
and his appeal was followed by a general fraternization with hugs in the
name of brotherhood. But
as the day after hostilities increased, the constitutional bishop of
Lyon saw his name indelibly linked to a reconciliation ephemeral and
hypocritical. When he ascended the scaffold, the people invited him to a cruel reconciliation: kissing 'Charlot' (the executioner).
With
the fall of the wall Berim, on September 9, 1988 in Stuttgart a West
German kissed her mouth an East German to symbolize the desire to
reunite the two Germanys. The police stopped after fifteen minutes ...
The English habit of kissing the mouth at the time of the presentations, it would be an insult, kiss them on the face. Mercier - Erasmus wrote to his friend Faustus Andrelinus that with so many kisses, the desire to end his days in England.
They are, therefore, the Latin countries the most zealous of female honor. The
Sicilian gentleman, evoked by Moliere, reproves the kiss of the painter
(the gallant, in fact) that was hired to do the portrait of the young
Isidora: "Hello, Lord French, this way of greeting, and not 'used in
this country. It is the way
of France., replicates the mucus. - Le Sicilien or l'amour peintre
Moliere. 'Machismo' Latin, more zealous for the honor of their women? No
doubt ... but maybe for the Dutch Puteanus (sec. XVI), a greater
danger to the fiery Italian than to the modest Flemish that "do not
perceive nuances" between looks and kisses (aut osculis oculis). Bayle
himself confirms that "the same dangerous familiarities in Italy are not
or are much less in the northern countries . "
For Oudin (French curiosities)
"It is not 'necessary to kiss a friend in the mouth if it is not the heart."
RussiaRetain the exchange of blowing up 'our days. And
yet, often ritualized, after you have emptied a glass of champagne,
with arms entwined, men exchange a 'brotherhood' in the mouth, and
friendship becomes sacred.
The
children are taught to kiss his hand after receiving candy from
someone, and soon to kiss things given as a form of appreciation. The kiss his own hand was a custome made between princes and quickly fell into disuse.
The
kiss on the mouth of the monarchs who were Mandatory, from the
Renaissance no longer etiquette due to transmissible diseases at that
time. Is set to kissing hand. And
when you have a certain intimacy is used to simulate the kiss,
approaching the lip of the faces, the hands or objects received. As for the original kiss, exchanging blows, it is definitely reserved for lovers. (Is it always the eldest who takes the initiative)The same gesture should be done by men to salute the sovereign. The hand kisses were never required by the Queen, "was the testimony of a volunteer respectful obedience."
Zeno
In
the halls, you should only castle with his lips the hand of the ladies,
and this habit had disappeared at the end of the century: in 1904,
Bayard sees the gesture as "a reflection of an old-fashioned grace." In
the consciousness of Zeno (1900) Zeno evokes the stolen kiss the hand
by which this young man in love and you know a long time: it "is
possible to look dazed, the fingers that had experienced the touch of my
lips, as if some thing had been recorded in them, "The boldness is in fact highly compromising.
* In England under the Bill: sacred plant of the Gauls, associated with the New Year celebrations.The occasion to rescue the good old kiss once: parties and anniversaries, and of course, especially Christmas and New Year. The
anguillaneu (gui * New Year) the ritualized practice of the provinces:
the kiss exchanged under the gui on January 1 and 'a promise of
happiness for the whole year.