sábado, 18 de janeiro de 2014

NERUDA - LOVE SONNETS

SONETOS DE AMOR - XXXV

Tua mão foi voando de meus olhos ao dia.

Entrou a luz como uma roseira aberta.
Areia e céu palpitavam como uma
culminante colmeia cortada nas turquesas.

Tua mão tocou sílabas que tintilavam, taças,

almotolias com azeites amarelos,
corolas, mananciais e, sobretudo, amor,
amor: tua mão pura preservou as colheres.

A tarde foi. A noite deslizou sigilosa

sobre o sonho do homem sua cápsula celeste.
Um triste olor selvagem soltou a madressilva.

E tua mão voltou de seu vôo voando

a fechar sua plumagem que eu julguei perdida
sobre meus olhos devorados pela sombra.

© PABLO NERUDA

In Cem Sonetos de Amor, 1959



LOVE SONNETS - XXXV

Your hand was flying from my eyes daily.

Came to light as an open rose .
Sand and sky throbbed as a
culminating in the turquoise beehive cut .

Your hand touched syllables tintilavam , bowls ,

almotolias with yellow oil ,
corollas , fountains and especially love,
love: thy pure hand preserved spoons .

The afternoon was . The night slipped stealthy

about the dream of man his heavenly capsule.
A sad olor dropped the wild honeysuckle.

And your hand back to your flight flying

close their plumage that I thought I lost
over my eyes devoured by shadow .

© Pablo Neruda

In One Hundred Love Sonnets , 1959


ORIGINAL

Tu mano fue volando de mis ojos al día.

Entró la luz como un rosal abierto.
Arena y cielo palpitaban como una
culminante colmena cortada en las turquesas.

Tu mano tocó sílabas que tintineaban, copas,

alcuzas con aceites amarillos,
corolas, manantiales y, sobre todo, amor,
amor: tu mano pura preservó las cucharas.

La tarde fue. La noche deslizó sigilosa

sobre el sueño del hombre su cápsula celeste.
Un triste olor salvaje soltó la madreselva.

Y tu mano volvió de su vuelo volando

a cerrar su plumaje que yo creí perdido
sobre mis ojos devorados por la sombra.