"Beijo, filho de dois labios fechados,
Filha de dois botoes de rosa"
- Ronsard Sonnet pour Helene (Baiser, fils de deux levres closes / Fille de deux boutouns de rose)
Missao: Catalogar todas as especies e subespecies de beijos distribuidos no mundo e encontrar o fio de Ariadne que liga uns aos outros.
Ha muitos tipos, deixemos de lado por alguns instantes os apaixonados, seria bom questionar por que sao sempre os primeiros que nos ocorrem..... Ha muitos outros,simples como o de bom-dia ou boa-noite, beijos que trocamos de manha ou a noite, ao nos levantarmos ou nos deitarmos que tem o valor do rito. Eles nos inscrevem no mundo e marcam nosso lugar entre os nossos semelhantes. Eles dao ritmo ao calendario dos dias comuns e dos dias extraordinarios: festas, casamentos, aniversarios ... Porque beijamos nao apenas para dizer "eu te amo", mas tambem para saudar, para mostrar que nos reconhecemos, nos aceitamos, partilhamos o mesmo momento. Nos 'beijamos'. *Beijar em frances, e baiser ou embrasser (abracar, tomar nos bracos). Tomamos nos bracos, apertamos, estreitamos, em suma, abolimos a distancia que separa os corpos. Construimos uma arca, da qual os labios seriam a chave...
A melhor das hipoteses, esse gesto de uma corrente, seria apenas um elo? Com que direito falar do beijo sem evocar imediatamente o aperto de mao, o abraco, a troca de olhares que o acompanham?
Parece tao dificil construir uma ciencia do beijo, e porque beijamos demais, em demasiadas ocasioes, de demasiadas maneiras. Ha beijos, por exemplo que daremos solenemente e outros que daremos de surpresa; aplicaremos preciosamente alguns deles - Beijar! Malva-rosa no jardim das caricias! - Paul Verlaine - e faremos estalar alegremente certos outros. Nossos beijos sao, na verdade, como uma moeda, nao param de circular, de rodar ... entre os beijos que exigimos e os que recebemos, entre os que damos e os que roubamos, entre os que conservamos e os que devolvemos, o comercio nao para.
Vitor Hugo foi louco (ou guloso) o suficiente para sonhar com em abracar a paisagem toda ... em uma so frase! - Beijo teus pes pequenos e teus olhos grandes - Victor Hugo Lettres a Juliette Drouet -, dira ele a sua Juliette, com um sentido da concisao que nao exclui, gracas a Deus, o atalho para o humor...
De todos os lugares do corpo que o beijo visita, geralmente o mais cantado ainda e a boca, talvez por que a carne enfim nela aflore como em si mesma, vermelha, redonda, desejavel, e que ela se abra nesse ponto, como um fruto, ao meio:
Eu a vi, oh! Porta vermelha abismo de meu desejo! - Guillaume Apollinaire - Les neuf portes de ton corps
Eu a vi mas ousarei transpo-la? Ousarei aventurar-me, alem de seu principio, nesse dedalo obscuro que a senhora parece mostrar-me e ao mesmo tempo me barrar o caminho? O que havera la no fundo de tao negro, tao assustador ... e tao tentador?
Que inusitado mergulho no fundo daquilo que, por natureza, me e mais estranho, inacessivel: o foro intimo do outro.
Vamos reconsiderar certos beijos que haviamos deixado deliberadamente de lado e nos quais a lingua tambem reivindica sua parte no festim: a lingua, o sopro, a alma....
Tua lingua esta na minha boca como selvageria de mar ... - Saint-John Perse
E dificil distinguir os beijos e nao se pode muito facilmente alinhar de um lado aqueles que pertencem ao gesto de saudacao inequivoco e de outro aqueles que pertencem ao mundo dos favores amorosos. Estao intrinsecos a interpretacoes. Os romanos nao estavam errados ao usar varios termos para designar suas homenagens , segundo elas fossem solenes (osculum) ou apenas leves, deliciosas (saevium). Mais precisamente um terceiro termo, de origem mais tardia (basium), que conserva um pouco dos dois e se presta a diversos usos, como se, entre publicos e privados, comedidos e menos comedidos, nossos beijos apreciassem deixar margem a um certo jogo. Em que o desejo leva vantagem, porque as vezes basta um beijo ligeiramente mais demorado para dar asas a imaginacao.
...................................................................................................................................................................
Letter for the Kiss
"Kiss the son of two lips closed,Daughter of two buttons of pinkroses "- Ronsard Sonnet pour Helene (Baiser, fils de deux levres closes / Fille de deux boutouns of rose)
Mission: To catalog all species and subspecies distributed in the world of kisses and find Ariadne's thread that binds each other.
There are many types, let us put aside briefly lovers, would be good to question why are we always the first place ..... There are many other simple, such as good morning or good evening, we exchanged kisses in the morning or evening, to stand up or lie on that has the value of the rite. They fall in the world and mark our place among our peers. They give rhythm to the calendar of ordinary days and extraordinary days, parties, weddings, anniversaries ... Why not kiss just to say "I love you", but also to salute, to show that we recognize ourselves, accept ourselves, we share the same time. In the 'kiss'. * Kissing in French, and baiser or embrasser (embrace, take in the arms). We take in the arms, shook, narrowed, in short, abolish the distance separating the bodies. Build an ark, which the lips would be the key ...
The best of hypotheses, this gesture of a chain, would be just a link? What right to speak without mentioning the kiss immediately handshake, a hug, exchanging glances that accompany it?It seems so hard to build a science of kissing, and because we kiss too much on too many occasions, too many ways. There are kisses, for example that we will solemnly and others who give a surprise, some of them will apply preciously - Kissing! Hollyhock in the garden of caresses! - Paul Verlaine - and we will happily pop some others. Our kisses are, in fact, like a coin, do not stop running, running ... between kissesthe ones we demand and we have received, among those we give and those we stole, among those we conserve and we returned, the trade never stops.
Victor Hugo was crazy (or greedy) enough to dream on ... embrace the whole landscape only in one sentence! - Kiss your feet and your big eyes small - Victor Hugo to Juliette Drouet Lettres - he will tell his Juliette, with a sense of brevity not exclude that, thank God, the shortcut for the humor ...
Of all the places of the body that the kiss visits, the most often sung yet and mouth, perhaps because the meat finally flourish as it in itself, red, round, desirable, and have it open at this point, as a result, the middle:
I saw, oh! Red Door abyss of my desire! - Guillaume Apollinaire - Les neuf bearings ton corps
I saw it but dare transpo? I dare venture, in addition to its principle, this Dedalo dark that you seem to show me while I block the road? What there will be at the bottom of it so black, so scary ... and so tempting?What unexpected dip in the bottom of what, by nature, me and more strange, inaccessible: the intimate venue on the other.
Let's reconsider some kisses that we had deliberately left aside and the language in which also claims its share of the feast: the language, the breath, the soul ...
Your tongue in my mouth like this savage sea ... - Saint-John Perse
It is difficult to distinguish between kisses and one can not easily align on one side those who belong to the unequivocal gesture of greeting and others who belong to the world of amorous favors. Are intrinsic to interpretations. The Romans were not wrong to use various terms to describe their respects, they were solemn second (osculum) or only mild, delicious (saevium). More precisely a third term, the source later (basium), which retains a little of both and lends itself to various uses, as between public and private, restrained and less restrained, appreciate our kisses leave room for a certain game in takes advantage of that desire, because sometimes a kiss just slightly more time consuming to unleash the imagination.